Sou mãe da Luana que tem hoje 10 anos. Aos 2 anos ela recebeu o diagnóstico de artrite idiopática juvenil. Através do blog tenho a intenção de relatar a história da Luana, como ela tem passado, enfrentado a doença e seus questionamentos. Espero que esta seja uma forma dela ter um relato do que aconteceu em sua vida desde bem pequena e ao mesmo tempo dividir com outras famílias como estamos lidando com esta doença.







quarta-feira, 8 de junho de 2011

O TRATAMENTO DA AIJ

Não existe nenhum medicamento específico que cure as AIJ. Os objetivos do tratamento são permitir que a criança leve uma vida normal e prevenir as lesões articulares e dos orgãos, enquanto se aguarda uma possível remissão espontânea da doença que, em muitos casos, ocorre após duração variável e imprevisível antecipadamente. O tratamento baseia-se fundamentalmente no uso de medicamentos que diminuem a inflamação sistêmica e/ou articular e em técnicas de reabilitação que preservam a função articular e contribuem para a prevenção das deformidades articulares.
O tratamento é complexo e exige a colaboração de diferentes especialistas (Reumatologista Pediatrico, Ortopedista, Oftalmologista, Fisiatra, Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional), dependendo de cada caso clínico individualmente.


1) Anti Inflamatórios Não Esteroides (AINEs). São medicamentos sintomáticos anti-inflamatórios e anti-térmicos (baixam também a febre, se for o caso); “sintomáticos” significa que não provocam remissão (não curam), mas ajudam a controlar os sintomas devidos à inflamação. Os mais utilizados são o Naproxeno e o Ibuprofeno; a Aspirina, embora eficaz e barata, é muito menos utilizada atualmente devido aos riscos de provocar efeitos adversos sobre o estômago, sistema nervoso e fígado. Os restantes AINEs são, em geral, bem tolerados e o desconforto gástrico, o efeito adverso mais frequente nos adultos, é raro nas crianças. A associação entre vários AINEs não deve ser utilizada, e a resposta aos AINEs varia de uma criança para outra, e por isto a eficácia e a tolerância ao medicamento devem ser avaliadas individualmente. O definitivo sobre a inflamação articular demora várias (de 2 a 3) semanas para ser atingido.

2) Injeções articulares. São utilizadas quando apenas poucas articulações estão envolvidas e se corre o risco de a contratura articular (secundária à dor articular) causar deformidade articular persistente. O medicamento para infiltrações articulares é um corticosteroide cujo efeito tem longa duração, sendo o Hexacetonide de Triancinolona o preferido pelo seu efeito prolongado (frequentemente muitos meses), com absorção mínima e poucos efeitos para o restante do organismo.

3) Medicamentos de segunda linha. Estão indicados em crianças que sofrem de poliartrite progressiva apesar da terapêutica adequada com AINEs e injeções articulares. Estes medicamentos são adicionados ao tratamento prévio com AINEs, sendo portanto necessaria a continuidade dos AINEs. Os efeitos da maior parte dos medicamentos de segunda linha só se tornam evidentes após várias semanas ou meses de tratamento.
O medicamento de primeira escolha é o Metotrexate em dose baixa semanal. Este é eficaz na maior parte dos pacientes. Tem atividade anti-inflamatória mas é também capaz, em alguns pacientes, e através de mecanismos desconhecidos, de levar à remissão da doença. É geralmente um medicamento bem tolerado; enjôos, aftas e alterações na função hepática (aumento nas transaminases ou seja testes laboratoriais que indicam alterações do fígado mesmo em pacientes que nao apresentam nenhum sintoma) são os efeitos adversos mais frequentes. A sua toxicidade em potencial ou chances de provocar efeitos adversos) exige que se façam testes laboratoriais periódicos para detecção de problemas eventuais. A administração diaria de ácido fólico (uma vitamina) diminui o risco de efeitos adversos do Metotrexate .

Sulfassalazina – Também mostrou ser eficaz no tratamento de algumas formas de AIJ, mas apresenta menor tolerância (causa mais efeitos adversos) e tambem menor eficácia que o Metotrexate, sendo a experiência com este medicamento relativamente limitada.
Não existem estudos clínicos que permitam avaliar as evidências científicas da eficácia de medicamentos potencialmente úteis, como o Leflunomide ou a Ciclosporina A. A Ciclosporina é um medicamento útil no tratamento de uma complicação rara e grave da forma sistêmica da AIJ, a síndrome de ativação macrofágica resistente aos corticosteroides. Esta complicação grave da doença pode ser fatal. Não existe atualmente quase nenhuma informação acerca do uso de Leflunomide em crianças.
Vários estudos foram desenvolvidos, ou estão em curso, utilizando os medicamentos biológicos chamados anti-TNF, que bloqueiam seletivamente o fator de necrose tumoral (TNF), que é um mediador essencial do processo inflamatório. Estes medicamentos são usados em conjunto com o metotrexate, sendo eficazes na maioria dos pacientes tratados. Atuam muito rapidamente e, até agora, têm mostrado poucos efeitos adversos nas crianças tratadas. Contudo, torna-se necessária a observação a longo prazo da eficácia e dos efeitos adversos. Todos estes medicamentos devem ser administrados sob rigorosa vigilância médica, tendo os agentes biológicos custo muito elevado e a regulamentacao sanitária nacional para a sua indicação e importação (ANVISA é a agência reguladora nacional para vigilância e controle de medicamentos pelo Ministério da Saúde do Brasil)

4) Corticosteroides. (derivados da cortisona) São os medicamentos anti-inflamatórios mais eficazes disponíveis atualmente, mas o seu uso é limitado porque o uso prolongado causa efeitos adversos graves, como a osteoporose, a catarata e o comprometimento do crescimento, entre outros. São muito úteis para o tratamento dos sintomas sistêmicos que são resistentes aos outros medicamentos, para complicações sistêmicas com risco de vida e para controlar a a atividade da doença, na fase aguda enquanto os medicamentos de segunda linha não começam a atuar.
Os colírios de corticosteroides são úteis para o tratamento das uveítes. Nos casos mais graves a administração oral pode ser necessária ou a injeção peri-ocular (também chamada peri-bulbar).

5) Cirurgia Ortopédica. As suas principais indicações são a substituição das articulações destruídas por próteses e a liberação cirúrgica dos tecidos peri-articulares, no caso de contraturas articulares permanentes.

6) Reabilitação É um componente essencial do tratamento. Inclui a aprendizagem de um programa de exercícios fisicos apropriado, bem como, quando indicado, a utilização de órteses ou ‘splints’ para corrigir posturas inadequadas e prevenir deformidades. A Fisioterapia deve ser iniciada precocemente e executada regularmente para manter a amplitude dos movimentos, a força muscular e a capacidade funcional.

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